terça-feira, 10 de agosto de 2010

Diálogo-monólogo com a Barata

Depois de muitos e muitos incansáveis anos, amedrontada, coagida e sentindo-me um ser desprezível pela impotência do medo de barata, resolvi um dia depois de tomar litros de coragem, não sei ao certo se foi algo alcoólico ou algum psicotrópico, enfim, resolvi parar bem em frente a uma barata enorme, provavelmente voadora pelo seu aspecto nojento, asqueroso e amedrontador. Pois então, rebaixei-me ao chão e resolvi dialogar com esse ser repugnante, isso mesmo, a barata! Olhei penetrantemente em seus olhos – nem sei mesmo se eram os olhos – e disse: Quero ter uma conversa séria com a senhora – porque penso eu na minha ignorância que toda barata é fêmea ou hermafrodita, pois quem consegue identificar o sexo delas na vista grossa? - uma conversa definitiva, de mulher para mulher, ou melhor, de mulher para barata, continuei!


Ela olhou para mim, com um olhar frio e enigmático – percebi onde eram os olhos agora - abriu as asas para mostrar toda a sua imponência, aquilo foi me assustando, me causando um calafrio, um medo tremendo, mas, permaneci olhando-a firme e trêmula e suando, então ela me olhou como que respondendo:
- Pode falar! – com uma arrogância desprezando-me como se eu fosse a nojenta e asquerosa da estória – com uma postura de seja breve porque não quero perder meu precioso e curto tempo com você, deve ter concluído – Ah! Se eu tivesse coragem de pegar aquela sandália que estava ao meu lado!
- É... é...é..., gaguejava eu.
- Dá para ser breve? – ela impaciente perguntou-me, não sei como falou mas eu entendi assim.
- Claro! Claro! – balbuciei.
- Me responda uma pergunta.


Mas não sabia como perguntar, as palavras se perdiam da mente, as vistas sumiam dos olhos e as pernas fugiam do corpo, isso em frações de segundos e num lapso de qualquer coisa, pensei em fazer uma breve reflexão através de um curto histórico.


- Bom...aaa..ééé...- que idiota eu sou - então... (coçando a minha testa) - sabemos que as lagartixas alimentam-se de insetos menores, que as aranhas também, e que de certa forma ajuda os humanos, sei também que fazem parte da cadeia alimentar – nesse momento ela abriu as asas – e eu nesse mesmo momento pensei: Deus iluminai! – percebi que ela, a coisa, não estava gostando da conversa e soltei de uma vez: Afinal de contas vocês baratas servem para quê porra? É só para amedrontar nós mulheres? Daí percebi que viria a resposta, mas ao mesmo tempo percebi um movimento estranho de esguio de vôo em minha direção, gelei por completo, fiquei estática, inerte, num estado quase que vegetativo, isso em frações de decímetros e quando lentamente vi as asas, desmaiei.


Quando acordei no dia seguinte fui a um site de pesquisas e não encontrei nada de mais, tudo que eu li, de uma forma empírica eu já sabia, mas as indagações inquietantes não me deixavam em paz, por isso desprezei as três etapas do processo dialético de Marx (tese, síntese e antítese) e criei a seguinte teoria:
A teoria: A barata foi uma invenção de muito mau gosto criada pelos homens, com certeza um hibridismo (junção entre duas espécies de insetos repugnantes), mais uma astuta artimanha para virarem nossos heróis quando matam a barata e eles ainda tiveram o despautério de apelidar “a nossa sagrada graça da vida” com este nome horroroso! Olha onde a incompetência e a falta de imaginação do homem chega! Nada galante!

2 comentários:

  1. kkkkkkk.... Nai você é realmente muitíssimo inteligente! Amei sua teoria, como eu não tinha pensado antes... Beijokas super carinhosas!

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  2. Jaci,
    Puxa! Que bom que você gostou!! Mas o fato é que nós mulheres temos medos de coisas tão insignificantes, mas quando agimos com coragem certamente são em coisas bem maiores do que nós sequer imaginávamos que teríamos, isso é tão contraditório não é? rsrrs
    Beijokas super carinhosas para você também!!!!

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