terça-feira, 20 de julho de 2010

Analisando as Letras

O objetivo do "Analisando as Letras" é traçar um paralelo com o texto através de uma música que caiba no seu contexto, e os seguidores devem expressar os comentários sobre o assunto abordado de forma livre. A letra de música dos "Titãs", foi a escolhida para acompanhar o texto "Americanização".


A Melhor Banda De Todos Tempos da Última Semana (Titãs
)

Quinze minutos de fama
Mais um pros comerciais,
Quinze minutos de fama
Depois descanse em paz.

O gênio da última hora,
É o idiota do ano seguinte
O último novo-rico,
É o mais novo pedinte

A melhor banda de todos os tempos da última semana
O melhor disco brasileiro de música americana
O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado
O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores
fracassos

Não importa contradição
O que importa é televisão
Dizem que não há nada que você não se acostume
Cala a boca e aumenta o volume então

As músicas mais pedidas
Os discos que vendem mais,
As novidades antigas
Nas páginas do jornais

Um idiota em inglês,
Se é um idiota, é bem menos que nós
Um idiota em inglês
É bem melhor do que eu e vocês

A melhor banda de todos os tempos da última semana...

Não importa contradição
O que importa é televisão
Dizem que não há nada que você não se acostume
Cala a boca e aumenta o volume então

Os bons meninos de hoje
Eram os rebeldes da outra estação
O ilustre desconhecido
É o novo ídolo do próximo verão

A melhor banda de todos os tempos da última semana...


Interpretando a Letra

Não há frase que traduza melhor o texto abaixo “Americanização” e a letra acima dos Titãs:

“Um idiota em inglês,
Se é um idiota, é bem menos que nós
Um idiota em inglês
É bem melhor do que eu e vocês”.

Quem está lendo esse texto agora deve estar achando-me uma louca, quanta ironia! Mas é assim que muitos brasileiros infelizmente se comportam, um exemplo a ser dado são as músicas em inglês que ninguém sabe a tradução e transforma-se numa verdadeira febre aqui no Brasil. Uma pequena prova ou amostra do que falo é uma banda dos anos 80 chamada: The Housemartins que cantavam uma música que se tornou uma verdadeira febre “Build” conhecem? Vou ajudar mais um pouco, se eu disser que ela ficou conhecida como o “Melô do Papel”? Nada ainda? Eis um pouco do refrão da música:

“It´s build a house where we can stay (pa pa pa papel)

Add a new bit everyday ( ie ie ie) (pa pa pa papel)”

A letra “Build” em português “Construir”, narra mediocremente um cenário de construção civil, veja um trecho da tradução:


“...Homens assobiando em camionetes amarelas
Eles vieram e nos desenharam diagramas
Mostrando-nos como tudo funcionava
E anotaram para o caso de dúvida

Lento, Lento, rápido, rápido, rápido
É parede por parede e tijolo por tijolo
Trabalham tão rápido que isto te deixa doente
Isto é construir

Para baixo com os bastões, acima com os tijolos
Entrem com carregadores, subam com as raízes
Estão dentro com ternos e novos recrutas
Isto é construir”.

E eu aposto que muita gente que não faz idéia do que diz a letra quando ouve essa música, dizem: Eu adoro essa música, ela é linda! Sem saber que a letra nada mais é do que um hino de operários de construção civil!

Nem ousem comparar com a música “Construção” do Chico Buarque que aborda todo um contexto social, retratando o pobre operário brasileiro que deixa sua casa, mulher e filhos para trabalhar nas construções na precariedade e no descaso das construtoras com a escassez de equipamentos de segurança e com um trágico final: a morte!

Outro breve exemplo é a música “Yes” do cantor Tim Moore que foi trilha sonora da novela Selva de Pedra em 1986 e fez também o maior sucesso, segundo minha tia nessa época “Yes” estava nos últimos lugares do topo de paradas nos Estados Unidos, sabe por quê? Vamos dar uma olhadinha na tradução:

“Ooh, yes, yes
Oh sim, sim
Nothing never felt to me
Eu nunca senti algo assim
Like you do right now
Como sinto com você agora
Aah, yes, yes,
Ah, sim, sim
That's the only word
Essa é a única palavra
I want to hear from your mouth
Que eu quero ouvir da sua boca

Oh, let's not waste our time
Oh vamos deixar de perder tempo
Hiding what we feel inside
Escondemos o que sentimos aqui dentro
If your tongue is tied, just whisper yes,
Se a sua lingua estiver presa, apenas sussurre sim
Darling, yes, darling, yes
Querido, sim, querido, sim”.


Não foi a toa que os críticos consideraram os anos 80 como “a década perdida”, mas hoje não é muito diferente, é pior! Segundo minha amiga Grasiela Guimarães, essa é a “década dos estímulos emburrecedores”, e é verdade! E se você duvida vá ler então as traduções das músicas, por exemplo, da Beyoncé, logo chegará à conclusão que parece muito com as letras da Kelly Key, mas a diferença é que ela fala inglês, e tem uma voz potente, o que não justifica o seu sucesso, até porque é quase impossível existir uma cantora negra estadunidense que não tenha um vozeirão. O fato é que a Beyoncé faz todo esse sucesso porque consegue despertar a admiração das mulheres por sua beleza e seu corpo exuberante e jeito sexy, e com os homens ela desperta e incita a sua testosterona. Portanto, vou puxar os meus, se for para escolher e admirar, eu escolho a Kelly Key, até porque eu sei exatamente o que ela está cantando!

E para não piorar o mau gosto dos jovens brasileiros, porque o assunto aqui é o que se ouve, não colocarei aqui traduções do que para mim é um verdadeiro show de horrores, que são as músicas dos rappers norte-americanos. Superficialmente, citarei só alguns detalhes que não dá para passar despercebido, as letras são um completo desrespeito às mulheres, que são tratadas como verdadeiras prostitutas, sem falar nos palavrões nos gestos obscenos e da necessidade constante de ostentação.

Tem um clipe “Give to Me” (Dê pra mim) do Jay-Z, namorado da Beyoncé, que na sua mansão acontece o maior bacanal e a coisa é tão complicada por lá que ele com a sua suposta namorada no clipe, que só para esclarecer não é a Beyoncé, não encontram um cômodo sequer da casa desocupado para transarem, é uma orgia total! Pois bem, e o cara é um dos rappers que mais fatura no mundo e isso prova que os valores e os gostos musicais estão totalmente invertidos. E se você for avaliar a conta bancária de um músico e compositor que se preocupa com questões sociais, políticas, ambientais, que fala sobre o amor, amizade e outros sentimentos, provavelmente perceberá uma quantia injusta ou modesta, como preferir.

Deve ser por isso que o cantor brega Falcão, que por sinal é Arquiteto, uma vez em entrevista respondeu que canta besteira porque só isso que faz sucesso no Brasil e se por acaso você discorda, veja quem estão nos topos das paradas nacionais e analisem suas letras!

Estejam à vontade para comentar!!!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Americanização


É tudo uma questão de figura de linguagem! O Barbarismo faz com que pensemos ser absolutamente normal empregarmos termos ou expressões em inglês ou popularmente falando, termos americanos em nossas frases, isso significa que estamos perdendo a identidade da nossa cultura tupiniquim. Uma vez perguntado a um escritor sobre o assunto, ele respondeu: “nós brasileiros também somos americanos, somos sul-americanos e não norte-americanos a diferença é que nós temos chica chica bum”, brilhante comentário! Mas ainda sim nos sentimos menosprezados, inferiorizados e subjugados! Vá bem que pagamos muitos impostos e sabemos que são mal empregados, estamos certos que existe muita corrupção e desigualdade social. Mas possivelmente tudo isso seria uma questão lógica de resolver, basta termos uma educação política mais contundente, se não tivermos o apoio do ensino escolar, que seja apenas pelos nossos educadores primários - nossos pais.

Podem existir diversas explicações para justificar porque os brasileiros dizem estou meio down ao invés de “pra” baixo, script ao invés de roteiro, cool no lugar de legal, affair/paquera, punk/cruel ou duro, all incluse é tudo incluso, camarote open bar seria camarote com bebida inclusa, fora o cumprimento de bom dia, boa tarde e boa noite. Não adianta querer me convencer que é por causa da era da internet, porque nós presenciamos esse hábito há tempos. A minha explicação tem um histórico interessante, quando a até então colônia inglesa tornou-se uma república independente. Essa colônia passou a chamar-se República Federativa dos Estados da América, marcando um traço histórico no mundo, daí décadas mais tarde com a nossa independência, tentando imitar o feito dos Estados Unidos, o nosso país tornou-se República Federativa dos Estados Unidos do Brasil. Hoje apenas República Federativa do Brasil, ainda bem que consertaram essa “bagaceira”, até porque isso pegava muito mal. E assim passaram-se anos e de alguma forma tentamos copiar ou imitar os Estados Unidos, fica até feio porque isso é característica do Paraguai, não nossa, será mais uma cópia barata?

Nos dias atuais os brasileiros, principalmente os mineiros querem viver o “american dream” que tem mais cara de “american nightmare” com tanta ameaça terrorista e instabilidade econômica e ambiental que norteia os Estados Unidos. Perguntas não calam como: que raio de sonho americano é esse, alguém pode me dizer? Desde quando latino-americanos são bem quistos e aceitos por uma sociedade que se acha uma hegemonia em todos os aspectos? Aprendam que para eles somos escória! Brasileiros na terra do Tio Sam são taxistas, operários de construção civil, babás, empregadas domésticas que só servem para limpar bosta gringa e nada mais! São poucos os que conseguem ter sucesso e respeito por lá, não é a toa que muitas pessoas voltam com o rabinho entre as pernas para o Brasil e pior, arrotando que morou nos States, se lá é tão melhor que o Brasil, por que voltou Ra bolas? Lógico que não é tão bom assim! Até porque os estadunidenses com sua arrogância e prepotência não aceitam latinos ilegais, descendentes de mulçumanos, cidadãos de países socialistas ou qualquer outra nacionalidade, só aceitam os seus de sangue azul, ou melhor, sangue anormal.

Os norte-americanos estão acima da lei não esqueçam! Afinal que não lembra ou já ouviu ou viu em algum lugar a expressão clássica deles quando são confrontados por autoridades estrangeiras: “eu sou cidadão norte-americano”, que traduzindo quer dizer, não ponha sua mão imunda em mim porque eu sou um intocável! Mas o curioso de tudo é quando eles saem dos Estados Unidos, do mundinho perfeito e civilizado deles e percebem que fora do país eles são os mais odiados e não sou só eu que digo, mas um repórter estadunidense ratificou essa constatação, eles ficam chocados, “tadinhos”! Portanto é importante darmos mais valor às nossas raízes, a nossa pluralidade cultural, ao nosso jeito condescendente de ser, e principalmente ao nosso português-brasileiro. Daí eu pergunto: quem precisa de green card e viver um american dream, se podemos ter “chica chica bum” em terras canarinho?