segunda-feira, 30 de maio de 2011

SOBRE A MINHA MÃE (PARTE I)




 
 


















Começo com a frase de uma música que não consigo tirar da minha cabeça que é: “Quem sabe o que é ter e perder alguém?...Quem sabe o que é ter e perder alguém? QUEM SABE O QUE É TER E PERDER ALGUÉM?!” SENTE A DOR QUE EU SINTO. Mas não é um alguém qualquer, não é um suposto amor que você acha que não suportará viver sem ele, não é a perda de um querido animal doméstico, É A DOR DA PERDA DE MINHA MÃE! Então só quem perdeu uma mãe e não uma mãe ausente e desamorosa, mas uma mãe com um amor altruísta, desse amor que coloca a felicidade do filho em primeiro lugar, uma mãe que educa com amor e disciplina implacavelmente com as “palmadas da justiça”, uma mãe que não mede esforços para acudir um filho desolado, é dessa mãe que eu falo! Eu poderia não escrever sobre a minha dor, não me expor numa rede mundial de relações que é a internet, mas eu preciso escrever sobre ela, sobre a minha Sol (Solange). Como não escrever sobre uma mulher que se casou duas vezes, que do primeiro casamento teve cinco filhos e separou-se com apenas um mês de parida do seu último filho? Como não falar que criou honrosamente seus cinco filhos sem a ajuda do pai e sem nunca ter trabalhado de carteira assinada? Como não falar que no segundo casamento teve mais três filhas e mesmo assim continuou a olhar por todos sem distinção? Minha mãe foi uma brava lutadora nesse mundo hostil, mesmo morando em um bairro violento e com perigos sanguinolentos e voluptuosos, seus oito filhos, três homens e cinco mulheres, não tornaram-se homens ladrões ou mulheres desonrosas.

Hoje 30/05 faz uma semana que minha mãe adormeceu. Segunda-feira passada 23/05 às 11 horas e 21 minutos minha mãe foi a óbito. Um câncer devastador cruel a levou. O curioso é como uma praga dessas pega uma pessoa tão maravilhosa, que levava uma vida saudável, não era glutina, nem beberrona, aliás, minha mãe não fazia uso de álcool nem cigarro, não tinha um vício sequer, daí você se questiona incansavelmente: Por quê? Por quê? POR QUÊ? E não há nenhuma resposta plausível ou convincente, só tolas justificativas para tentar amenizar a nossa dor. Sabem o que mais me aflige? São os “meus pêsames”, os “meus sentimentos”, ou “ Deus sabe o que faz”, “ é...a hora de todo mundo um dia chega”, e tantas outras frases feitas de luto, que nem conforta, não condeno às pessoas pelas frases, pois elas tentam te dizer algo, mas eu preferiria o silêncio delas em um abraço forte, um beijo terno e um olhar de “seja forte”! Não há mesmo muito que se dizer, mas se for dizer, diga algo realmente que faça sentido, seja brilhante e se não consegue, cale-se!

São tantas coisas a dizer, tantas histórias engraçadas, tantas frases marcantes, ditados que ela proferia, como ela dizia: tantas anedotas! mas tudo isso será vivenciado a cada mais um dia que nasce sem a sua presença (matéria), mas a sua presença ( lembranças e doces saudades) permanecerão até o fim das nossas vidas. Há duas coisas que em alguns instantes me consola: a primeira é que minha mãe tinha uma crença forte de que seria ressuscitada e ela será em um novo mundo de pessoas justas, fiéis e tementes a Deus. A segunda coisa que me consola é que eu não tenho remorso de nada que tenha falado para minha mãe, qualquer filho um dia discute ou discorda de seus pais, seja pela superproteção que nos limita, ou por qualquer outra coisa, mas o fato é que sempre dizia que a amava, falava a qualquer hora, não tinha dia ou data e sempre a beijava e abraçava. O nosso amor era recíproco, caso exista essa reciprocidade, pois dizem que as mães amam mais os seus filhos, mas se não houver, era algo bem próximo, é algo bem próximo.

Portanto, amem suas mães, seus pais, diga que os ama e aja com o que fala, pois não adianta pensar ou dizer e não fazer em ações diárias pequenas e grandes coisas que demonstre tal amor, pois quando eles se vão não há mais nada o que dizer ou fazer, só o que lamentar, e espero que não haja lamentações com vocês, pois comigo não há.